Por Maria da Paz Trefaut
Com bom desempenho nas vendas no Brasil nos últimos cinco anos, os produtores de vinho português agora planejam ampliar seu mercado fora do eixo Rio-São Paulo. "Nossa aposta é trabalhar os Estados do Sul - Paraná, Santa Catarina e Rio Grande de Sul, onde já existe uma cultura de vinho - e depois investir em Belo Horizonte, Brasília e Goiânia", diz Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal, organização que reúne associações ligadas à produção e ao comércio de vinho de Portugal.
Segundo Monteiro, no ano passado, houve um crescimento de 16% em volume e 18,9% em valor nas vendas de vinhos de Portugal para o Brasil. Esses números deram ao país, em 2018, o segundo lugar em volume e o terceiro em valor no mercado brasileiro. É um crescimento significativo se comparado a 2012, quando o vinho português ocupava o quinto lugar entre os importados.

Vinícola portuguesa: país já é o segundo maior exportador em volume para o Brasil.
Segundo Monteiro, no ano passado, houve um crescimento de 16% em volume e 18,9% em valor nas vendas de vinhos de Portugal para o Brasil. Esses números deram ao país, em 2018, o segundo lugar em volume e o terceiro em valor no mercado brasileiro. É um crescimento significativo se comparado a 2012, quando o vinho português ocupava o quinto lugar entre os importados.
Abrir novas frentes significa aumentar o número de distribuidores, treinar sommeliers e restaurantes. Há uma grande ambição nos planos de Monteiro que quer, ainda, "dar a conhecer o vinho no Nordeste e fazer com que os Estados do Sul prefiram os portugueses".
Ao mesmo tempo, a estratégia de aumentar a visibilidade nos dois principais mercados do país é contínua. Prova é o investimento que os produtores fazem no evento Vinhos de Portugal que, neste ano, será realizado pela sexta vez no Rio e pela terceira em São Paulo. Nesta edição estarão representados quase 80 produtores com mais de 600 rótulos.
Um dos destaques é a presença do enólogo Luís Sottomayor da Sogrape, a maior empresa de vinhos de Portugal, que vai comandar uma degustação do famoso Barca Velha nas duas capitais.
Produzido pela Casa Ferreirinha desde 1952, o Barca Velha é tido como um dos grandes vinhos de mesa do Douro e de Portugal. Como não há produção regular - até hoje foram feitas apenas 18 colheitas - sua chegada ao mercado é sempre um acontecimento. "A raridade do vinho, o empenho e asexigências que temos em sua produção fizeram dele umalenda", diz Sottomayor, que não vem ao Brasil há cinco anos.
A última safra do Barca Velha, a de 2008, tem preço estimado de R$ 4 mil a garrafa, mas não está disponível na Zahil, que o traz para cá. "Não temos ideia de quando será a próxima safra nem de quanto custará", avisa Bernardo Pinto diretor da importadora.
De carona no mito do Barca Velha e também por sua qualidade, os vinhos da Casa Ferreirinha conseguem projeção no Brasil nos rótulos mais baratos. O campeão de vendas é o Esteva, na faixa de R$ 90, que em Portugal custa entre € 4 e € 5 num supermercado.
Ainda no capítulo vinhos de prestígio, haverá uma degustação vertical (de diferentes safras) do Pêra Manca, mas apenas no Rio, sob o comando do crítico do Valor Jorge Lucki. Outras atividades mais descontraídas e abertas ao público ocorrerão nas duas cidades: conversas sobre vinho, gastronomia e música. Adriana Calcanhoto, que já se tornou habitué, confirmou presença.
O brasileiro Dirceu Vianna Júnior, único Master of Wine da língua portuguesa guiará o que chama de uma "Grande Batalha" para descobrir a melhor região para tintos e os melhores brancos. O duelo terá produtores renomados, como Luís Pato, da Bairrada; Anselmo Mendes, da região dos Vinhos Verdes; e Tomás Roquette, do Douro.